domingo, 7 de dezembro de 2008

Uma conversa diferente - Vinícius de Moraes


O jornalista gaúcho Tarso de Castro (1941 – 1991) fez uma entrevista extravagante e engraçada, em 1977, com seus amigos, quatro ícones da música popular brasileira: Vinicius de Moraes, Tom Jobim, Toquinho e Miúcha. O texto, publicado originalmente na Folha de S. Paulo, em 1983, está na coletânea de entrevistas com Vinícius de Moraes organizada por Sérgio Cohn e Simone Campos, da coleção Encontros (Azougue Editorial).

Veja na íntegra:

Entrevista com Luís Fernando Veríssimo


Luis Fernando Verissimo é reconhecido pela sua timidez. No entanto, alguns bravos entrevistadores conseguiram alguns minutos para realizar uma entrevista, algumas das quais se encontram transcritas no link abaixo:

Entrevista com Guimarães Rosa


Guimarães Rosa por hábito não concedia entrevista, mas no link abaixo há uma exceção por motivo de afeto. Vale a pena fazer uma visita.

Jorge Amado - Um homem feliz com a vida


Jorge Amado, escritor brasileiro depõe sobre literatura (e aponta seus mestres), política (recorda seus passado comunista), comenta a atual situação do País, pede justiça social, lembra seus amigos com carinho e fala de um bem que considera imprescindível: a liberdade.


O que é ser escritor num país onde pouco se lê?

Eu vou começar discordando. Eu acho que não é verdade. Começa-se a ler bastante, no Brasil. Há uma coisa muito curiosa. Eu tenho a impressão de que, às vezes, as pessoas, inclusive os jornalistas, não se dão conta de que o País avançou. Ficam com uma imagem muito atrasada, muito anterior do Brasil. Houve um momento que realmente não se lia no Brasil. Quando estreei o meu primeiro livro, há 57 anos, em setembro de 1931, uma edição de mil exemplares já era uma boa edição, dois mil já era excelente, três mil então... nem se fala... Quando José Olympio fez cinco mil exemplares de meu livro Jubiabá e de Banguê de José Lins do Rego, foi aquela coisa... o mundo vinha abaixo... cinco mil exemplares! Compreende? Nunca se tinha feito aquilo, pelo menos até aquele momento.

Leia e entrevista na íntegra no endereço:

Minissérie - CAPITU - 9/12/2008



Estréia em 9/12/2008 na Rede Globo a Minissérie - CAPITU

Visite o site e saiba mais: http://capitu.globo.com/

A minissérie, em homenagem ao centenário de morte de Machado de Assis, terá cinco capítulos. É a segunda série do projeto Quadrante, que leva a literatura brasileira para a TV e que começou com A Pedra do Reino, no ano passado, baseada na obra de Ariano Suassuna.
http://www.estadao.com.br/arteelazer/not_art272134,0.htm

Dom Casmurro
Dom Casmurro, um dos mais conhecidos romances de Machado de Assis, tem como assunto a história de Bentinho e Capitu. Depois de um longo namoro - iniciado na infância - e de um casamento apaixonado, eles acabam se separando, pois bentinho suspeita que ela o traiu com Escobar, o melhor amigo do casal: Ezequiel, o filho, seria fruto dessa traição. O trecho a seguir mostra a reação de Capitu no velório de Escobar, que morrera afogado naquela manhã. Sancha é a esposa de Escobar. A Cena transcrita é um momento crucial da narrativa, uma vez que as atitudes de Capitu reforçam as desconfianças de Bentinho, o narrador.
Olhos de Ressaca
Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No Meio dela, Capitu olhou alguns instantes para ver o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas...
As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou as carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem as palavras desta, mas grande e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.

domingo, 30 de novembro de 2008

Poema de Natal - Vinícius de Moraes


Poema de Natal

Vinicius de Moraes


Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos –
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será a nossa vida: Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos –
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai –
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte –
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas

Nascemos, imensamente


Soneto de Natal - Machado de Assis


Soneto de Natal

Machado de Assis

Um homem – era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno –
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,
Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações de sua idade antiga
Naquela mesma velha noite amiga
Noite cristã, berço do Nazareno.
Escolheu o soneto...
A folha brancaPede-lhe a inspiração;
mas frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.
E em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:

“Mudaria o Natal ou mudei eu?”


segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Filosofia na Obra de Guimarães Rosa

Por Raquel F. Souza

Ligar os discursos filosóficos aos literários, que há na obra “Grande Sertão: veredas”, a fim de identificar a ficção e o humano que há na construção das personagens principais, tal como encontrar nos discursos intelectuais “filosóficos” o que liga tais personagens ao lugar da verossimilhança, capaz de fazer-nos aceitar o convite de Rosa à reflexão e aproximá-los da realidade; da nossa realidade; num processo constitutivo. “ A linguagem constitui a realidade” (Wittgeinsten).

Ao inserir características humanas nos personagens (tão humanos) como: medo do desconhecido; medo do mal; personalidade; falsidade (representação); maldade e amor, ao mesmo tempo, outras; João Guimarães Rosa consegue mexer com o senso intelectual do leitor/ ser humano, ao passo que constrói os personagens Diadorim e Riobaldo tão sábios e reflexivos e ao mesmo tempo tão finitos e limitados, a ponto de não conhecerem a si mesmos, apresentando assim um diálogo contrário ao socrático: “Conheça-te a ti mesmo”, caindo na eterna contradição humana: conhecer os outros, mas não conhecer a si mesmos.

Texto na íntegra:
http://www.theresacatharinacampos.com/comp2057.htm

Filosofia na Obra de Machado de Assis

Por Miguel Reale

Quem se dispõe a apreciar os aspectos filosóficos da obra de Machado de Assis vê-se logo perante uma alternativa: Filosofia de Machado de Assis, ou na obra de Machado da Assis? Não há nada de surpreendente que se comece por uma aporia, pois as perplexidades, os contrastes e as contradições enxameiam os romances, os contos, as crônicas, as poesias e as páginas de crítica do patrono da Academia Brasileira de Letras, comprazendo-se ele em jogar com termos opostos ou distintos, sem que seu espírito opte por um deles, preferindo antes mantê-los correlatos numa viva concretude.
Pelo que me foi dado observar, relendo as obras de Machado de Assis, ele emprega a palavra “filosofia’’ pelo menos com três acepções distintas, às vezes complementares. Em primeiro lugar, usa o termo em tom jocoso, como, por exemplo, ao referir-se ao ‘grunhir dos porcos, espécie de troça concentrada e filosófica”,ou,a “um asno de Sancho deveras filósofo”,ou quando nos mostra Quincas Borba a trincar uma asa de frango “com filosófica serenidade”.
Não se pense que Machado de Assis tenha desapreço pela Filosofia, pois bem poucos de nossos escritores revelam tão constante preocupação filosófica, que, no prefácio do romance cujo primeiro centenário estamos comemorando, é deliciosamente apresentada como “rabugens de pessimismo”.
Poder-se-ia afirmar que é com essa obra que se afirma, em toda a sua plenitude, a que poderíamos qualificar, sob certo prisma, de “fase filosófica” da criação machadiana, quando o enredo ou a trama dos romances adquirem transparência através dos valores introspectivos do autor,cuja presença risonha e crítica ora ilumina os episódios,ora lhes oculta o sentido,quando não os abre num desconcertante leque de perspectivas.

Texto na íntegra
http://www.academia.org.br/abl/media/prosa44a.pdf

sábado, 15 de novembro de 2008

Jorge Amado - Legível aos brasileiros e atraente aos estrangeiros

"A obra de Jorge Amado é talvez a maior empreitada literária para tornar o Brasil legível aos seus contemporâneos e atraente aos estrangeiros. A fim de criar um universo de histórias e personagens que interessassem aos brasileiros, escreveu mais de 40 livros, adotando, na maioria deles, a forma clássica do romance. Não se interessou pelas experiências vanguardistas. Queria ser lido por todos.
Sua literatura, de ambição balzaquiana e folhetinesca, buscou descrever tanto a violência que define as nossas relações sociais, quanto a esperança, a ternura e a malícia que ele imaginava constituintes do caráter do ‘povo brasileiro’. A Bahia é seu porto, mas os seus livros são todos eles a universalização de lutas empreendidas pelos personagens por justiça ou pelo direito de viver.
É essa confluência entre sentido social e humanista da obra, reivindicação política, riqueza romanesca e forte coloração local que fez a fama internacional de Jorge Amado. A alguns estrangeiros, porém, o que fascina no escritor não é o elemento tropical, mas o engajamento, expresso principalmente em suas obras iniciais, seja na revolução comunista, seja na expressão romanesca dos ‘gestos e gritos’ da vida, como assinalou Albert Camus.
Para descobrir esse Jorge Amado dos primórdios é preciso hoje algum esforço. A sua glória obscureceu a sua literatura. As facilitações que pôde fazer nas obras finais eclipsaram o drama de seus principais livros. Aos poucos, Jorge Amado foi folclorizado e se folclorizou, enquanto vinha por terra o comunismo e a sua influência na política local. Seus personagens se transformaram em imagens de uma brasilidade arquetípica. Ele próprio se tornou ponto turístico da Bahia, que por sua vez passou a se confundir com seus livros. Jorge Amado realizou a proeza que almeja todo escritor. Viu sua obra penetrar no imaginário de seu tempo e construir um mundo que não é mais particular, mas de milhares, de uma época inteira. Isso faz um clássico. Um dia talvez a sua outra ambição possa se manifestar: a de que essa obra seja lida como apelo à libertação e à liberdade, que, na sua literatura, constituem a glória e a razão de viver.
"Jorge Amado", copyright Folha de S. Paulo, editorial, 8/8/01
Saiba mais:

A sociedade nas crônicas de Luís Fernando Veríssimo

Por:
Cristina Markowski / Claudia Carvalho / Rodrigo Santos de Oliveira

Caráter sociológico presente em suas obras
As crônicas ficcionais de Veríssimo a que nos reportaremos, intituladas: “A volta da Andradina”, “A mulher do Silva”, “Posto 5” e “A descoberta”, serão utilizadas para comprovação da natureza social dos textos desse escritor.

A primeira delas, “A volta da Andradina”, trata do constrangimento de uma família ao receber de volta um ente recém-separado, Andradina, ainda muito abatida, devido ao recente desenlace conjugal. A simples menção ao nome de seu ex-marido vira tabu, e todos na casa se vêem numa posição muito desconfortável, evitando ao máximo qualquer referência ao casamento desfeito.

Na segunda, “A mulher do Silva”, a questão fundamental está relacionada à preocupação das pessoas com a opinião alheia, com as convenções sociais. O personagem Silva, ao exigir de um vizinho que pintasse a fachada de sua casa, na qual foram escritas palavras que colocavam em dúvida a conduta moral de sua esposa, acaba por arcar com todas as despesas relativas à pintura. Acontece que, depois disso, outras casas da mesma rua apareceram com insinuações semelhantes sobre a mulher do Silva em suas fachadas. Silva não teve dúvidas: mandou pintá-las também.

Na penúltima crônica, “Posto 5”, o tema abordado é o relacionamento de uma mulher madura com um rapaz vinte anos mais jovem e a decepção que ela sofre quando, dois meses após tê-la abandonado, ela o reencontra na praia e ele, ao invés de implorar pelo seu perdão e pedir para que ela o aceitasse de volta - como era da vontade dela - a apresenta ao seu novo amor, uma garota de dezoito anos.
Por fim, em “A descoberta”, o enfoque fica por conta das expectativas paradoxais que um pai deposita no filho. O pai aparece de surpresa no apartamento do filho, após anos lhe mandando dinheiro, a pretexto, segundo o filho, nas cartas que escrevia para pedir dinheiro, de custear noitadas regadas a bebidas e mulheres. Esse pai chega ao apartamento de seu filho cheio de orgulho e louco para ver com seus próprios olhos o espécime viril e fanfarrão que ele ajudara a gerar. Qual não foi a decepção dele quando ouve de seu filho que não havia, nem nunca houve, mulheres, tampouco orgias sexuais regadas a uísque importado, e que o dinheiro que ele lhe enviara durante todos aqueles anos custeara os seus estudos da faculdade e materiais de pesquisa.

Após essas colocações, podemos concluir que, por trás das crônicas de Luís Fernando Veríssimo há toda uma estrutura social minimamente demarcada. Seus personagens são seres comuns, figuras criadas a partir de estereótipos estabelecidos pela sociedade em que vivemos. As situações expostas em suas criações são as mais corriqueiras possíveis, vivenciadas por todo e qualquer mortal em seu dia-a-dia, afinal de contas, quem de nós não viveu ou conhece alguém que tenha vivido, alguma vez na vida, alguma das quatro situações elencadas acima? Veríssimo cria seres eminentemente sociais e escreve suas crônicas para outros seres capazes de compreender o que há por trás de cada metáfora por uma razão muito simples: a de que nós, seres sociais, exercemos uma capacidade muito grande de identificação com os temas e personagens com que ele tão generosamente nos presenteia.

A maneira como Luís Fernando Veríssimo escreve revela sua competência em abstrair toda a essência da sociedade em que ele, escritor, está inserido, e transferi-la para o leitor. Seu poder de representação da realidade de maneira ficcional traduz todo o valor estético de suas obras.
Portanto, não resta dúvidas de que podemos enxergar a sociedade refletida nas obras de Luís Fernando Veríssimo, com todos os seus vícios e suas virtudes, expondo suas mazelas com muito bom humor e ironia.
Texto na íntegra:

Admiração - Vinícius de Moraes e Carlos Drumond de Andrade


Por: EDUARDO SIMÕES



A admiração mútua entre Vinicius de Moraes (1913-1980) e Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), manifestada em crônicas e entrevistas de ambos, está para ganhar nova expressão pública na forma de um poema inédito em livro. Escrito no fim dos anos 40, "Retrato de Carlos Drummond de Andrade" (reproduzido nesta página) foi descoberto pelo poeta e professor Eucanaã Ferraz e será publicado em novembro no livro "Poesia Esparsa", título provisório de um dos 15 lançamentos ligados ao poeta carioca, que a editora Companhia das Letras coloca no mercado até 2011 (leia abaixo).Na primeira estrofe, Vinicius diz:
"Duas da manhã: abro uma gaveta
Com um gesto sem finalidade
E dou com o retrato do poeta
Carlos Drummond de Andrade".
Segundo Ferraz, trata-se de "um típico poema que nasce de um ato banal, algo que Manuel Bandeira chamava de poema desentranhado". Ferraz ressalta ainda que entre Vinicius e Drummond não chegava a haver uma ligação de irmãos, como havia entre o poeta e compositor carioca e Manuel Bandeira (1886-1968). "Mas eram amigos e freqüentavam a casa de amigos em comum, como Rubem Braga", diz.


Texto na íntegra:

Um pouquinho da vida particular de Guimarães Rosa



Galeria Casal Rosa
Acervo Família Tess
Em 1949, Rosa e Aracy estiveram em Chamonix, uma estação de esportes de inverno nos Alpes franceses. Depois de anos morando no Brasil, o casal voltou à Europa quando Guimarães Rosa foi convidado para trabalhar na Embaixada do Brasil em Paris. Numa carta ao amigo Pedro Barreto, Rosa fala de seus dias a "contemplar neves, picos de montanhas, florestas de abetos e pinheiros, esquiadores, patinadores e trenós"
No link abaixo, mais fotos

Último Soneto escrito por Machado de Assis


Quando a esposa de Machado de Assis morreu, o escritor, muito triste, escreveu um poema no qual se despede dela. O soneto, intitulado "A Carolina", faz parte do livro "Relíquias de Casa Velha", publicado em 1906, e foi o último escrito por Machado de Assis.


A Carolina
Querida, ao pé do leito derradeiro

Em que descansas dessa longa vida,

Aqui venho e virei, pobre querida,

Trazer-te o coração do companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro

Que, a despeito de toda humana lida,

Fez a nossa existência apetecida

E num recanto pôs um mundo inteiro.
Trago-te flores, - restos arrancados

Da terra que nos viu passar unidos

E ora mortos nos deixa separados.
Que eu, se tenho nos olhos malferidos

Pensamentos de vida formulados,

São pensamentos idos e vividos.



Mostra Machado de Assis

Museu da Língua Portuguesa prorroga mostra Machado de Assis

O Museu da Língua Portuguesa decidiu prorrogar a permanência de Machado de Assis: mas este capítulo não é sério, em cartaz no primeiro andar – espaço dedicado a mostras temporárias. Aberta ao público no dia 15 de julho. Machado de Assis fica no Museu até o dia 01º de março de 2009.

Museu da Língua Portuguesa
Endereço: Praça da Luz, s/nº,
Centro - São Paulo – SP
Fone: (11) 3326-0775

http://www.saopaulo.sp.gov.br/sis/lenoticia.php?id=99143

domingo, 9 de novembro de 2008

Frases - Machado de Assis


Frases - Guimarães Rosa


Saber mais...
Site com frases de Guimarães Rosa. Vamos averiguar a veracidade delas? Descobrir quando e onde foram citadas?


Eu não sei quase nada, mas desconfio de muita coisa

"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”

“As pessoas não morrem, ficam encantadas”

Site: http://www.ditados.com.br/autor.asp?autor=Guimarães%20Rosa

Frases - Vinícius de Moraes


Saber mais...
Site com frases de Vinícius de Moraes. Vamos averiguar a veracidade delas? Descobrir quando e onde foram citadas?

“e de amar assim, muito amiúde, é que um dia, em teu corpo de repente, hei de morrer de amar mais do que pude”.

“Amar, porque nada melhor para a saúde que um amor correspondido”

“Amor: que não seja imortal posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”

Site: http://www.ditados.com.br/autor.asp?autor=Vinicius%20de%20Morais

Frases - Luís Fernando Veríssimo


Frases - Jorge Amado


Saber mais...
Site com frases de Jorge Amado. Vamos averiguar a veracidade delas? Descobrir quando e onde foram citadas?

" A amizade é o grande bem da vida".

“Um escritor aos 80 anos está começando a aprender a escrever.”

“Eu sou muito otimista, muito. O Brasil é um país com uma força enorme. Nós somos um continente, meu amor. Nós não somos um paisinho, nós somos um continente, com um povo extraordinário.”

Site: http://www.ditados.com.br/autor.asp?autor=Jorge%20Amado

domingo, 2 de novembro de 2008

Ensaio: Luís Fernando Veríssimo e o riso

Por Giuliana Capistrano Cunha Mendes de Andrade e Marlise Vaz Bridi

A obra de Luís Fernando Veríssimo já tem lugar consolidado no vasto cenário da produção artística brasileira contemporânea. Embora seu sucesso seja notório junto ao público, permanece distante das discussões acadêmicas. Nenhum estudioso literário, até o presente momento, interessou-se em esmiuçar a obra do autor. O artigo procura explicar a ausência de fortuna crítica em relação à obra de Luis Fernando Verissimo, bem como expor algumas teorias do riso que contribuem para a percepção da profundidade dos pensamentos do escritor e de seus objetivos encobertos pelas situações cômicas, humorísticas, satíricas ou chistosas.

Leia na íntegra
http://www.inicepg.univap.br/INIC_2006/epg/08/EPG00000512-ok.pdf

Ensaio: Personagens árabes na obra de Jorge Amado

Por Jorge Medauar*

Com essa retrospectiva resumida, de tantas e tão profusas marcas árabes nas várias culturas do mundo, mas especialmente na nossa, é mais do que natural que um escritor, com raízes tão populares quanto Jorge Amado, traga, no bojo de sua tão extensa obra, a presença marcante dessa influência não apenas na língua, seu preponderante instrumento de expressão, como nos personagens árabes ou de origem árabe que se misturam tanto na "democracia racial brasileira", em geral, como particularmente no tecido de seus romances; movimentando-se entre negros, crioulos, espanhóis ou portugueses criados para viverem o drama, a tragédia, ou o amor que palpita nos romances desse autor que é o mais importante e mais expressivo escritor da "nação grapiúna", definida por Adonias Filho, outra não menos significativa expressão daquela "civilização" tão peculiar.
Jorge Amado é, na verdade, aquele que cantou tão bem a sua aldeia, com árabes, negros, etc., que se universalizou, universalizando sua terra e, por extensão, todo o país. Nenhum dos seus leitores de origem árabe ou leitores comuns, do Brasil ou de qualquer país onde estejam suas obras traduzidas, ao deparar com algum dos seus personagens árabes, não encontraria neles nada que não seja genuinamente árabe quer nas reações, no comportamento psicológico, como na descrição física, com suas características raciais, bem como nas suas atividades de trabalho, que são, preponderantemente, o comércio.
Mas há também o malandro. O contrabandista. Ou o intelectual. Circulando em seus romances, vindos de Ilhéus, de Itabuna, Água Preta ou Salvador, seus árabes ou descendentes caminham em seu universo com a mesma naturalidade dos tabaréus, coronéis, bacharéis, prostitutas, malandros, trabalhadores de roça, capoeiristas, jagunços, gente anônima das ruas. E muitos entraram em sua obra tão marcantemente como Jubiabá, Guma, ou Tereza Batista, transformando-se no personagem principal, naquele em tomo do qual se desenrola a história ou o romance. É bem o caso de Nacib, de Gabriela, Cravo e Canela, e desse fabuloso Fadul Abdala, de Tocaia Grande, que tivemos a honra de conhecer ainda no embrião da história. Em outubro de 1983, quando Jorge Amado principiava a escrever seu romance, mandou dizer-nos, em carta: "Este meu romance da 'face obscura' está cheio. de árabes: um deles, Fadul Abdala, personagem fundamental, é porreta. Aliás, aconteceu uma coisa engraçada: para contar uns percalços de Fadul acabei escrevendo uma noveleta (45 páginas) de árabes em Itabuna, mas eu a retirei do contexto do livro onde ela pesava demasiado sobre a história do lugarejo - cujo nome é Tocaia Grande, futura Irisópolis. Mas, quando terminar o livro, voltarei a trabalhar a noveleta da luta entre Deus e o Diabo pela alma de Fadul".
Leio o texto na íntegra: http://www.hottopos.com/collat7/medauar.htm
* Romancista, contista e poeta. Artigo publicado originalmente em nossa Revista de Estudos Árabes N. 1, DLO-FFLCHUSP, 1993.

Ensaio: Vinícius de Moraes e a Morte

Por: Seleste Michels da Rosa

Percebemos mediante a leitura da obra completa de poesias de Vinícius que o poeta conhecido por suas canções de amor tem uma obsessão bem diversa daquela pela qual ficou conhecido: a morte. Por isto, esse ensaio pretende ver como o poeta Vinícius de Moraes trata este tema, e isso também revela o quanto a crítica comum não estava de todo equivocada quando liga estreitamente o poeta ao amor, pois a morte que o poeta apresenta é bastante ligada à temática amorosa. Conforme Gomes ([s.d], p.28), isso é comum na poesia metafísica: “Muitas vezes, entrelaçado ao tema do amor, surge o da morte, tanto em poemas profanos como religiosos [...]”. Sabemos que na obra de Vinícius há tanto poemas religiosos quanto profanos e veremos como essa ligação se repete nos dois tipos de suas poesias.
Através desta preocupação com o tema da morte, o poeta adentra um estilo de poesia
metafísica, já que “o que caracteriza a metafísica é a transcendência.” (FREICHEIRAS, 2001, p. 62). E o poeta parece tratar exatamente deste lugar onde o concreto sozinho não pode dar conta da explicação do mundo. O lugar onde isso se mostra mais evidente é a hora da morte, o momento sublime onde um indivíduo deixa de estar em seu corpo. É nesse momento que vemos o ser superar o ente, ou seja, o ser humano é mais universal nesta hora comum a todos, por isso supera sua condição de ente, isto é, singular e individual. Assim, a relação com essa temática busca a essencialidade do humano. Conforme afirma Morin (1988, p. 31): “este horror engloba realidades aparentemente heterogêneas: a dor do funeral, o terror da decomposição do cadáver, a obsessão da morte. Porém, dor, terror e obsessão têm um denominador comum: a perda da individualidade.”. Sendo assim, na morte, nos entrosamos em um sentimento coletivo, que tende mais à espécie do que ao sujeito e isso nos põe em conflito direto com a idéia de morte. De uma leitura atenta de sua obra podemos ver o quanto o poeta trata a morte de maneira conflituosa, ora como fuga dos desejos incessantes da carne, ora como apavorante fim da doce vida; mas é perceptível que em ambas situações essa
temática está ligada ao desejo, como castigo ou como fim dele e nos poemas do fim da vida, a uma certa plenitude do amor verdadeiro.

Leia o ensaio na íntegra
http://www.seer.ufrgs.br/index.php/NauLiteraria/article/viewFile/5092/2914

Ensaio: Machado de Assis - O fio do Machado...de Assis

Por Demétrio Pereira Sena
Fonte: http://sitedepoesias.com.br/poesias/28424

Machado não rui. Jamais rui. Sua obra, tijolo por tijolo, foi construída sobre alicerce não perecível. É um escritor que nasceu eterno. É, porque não morreu. Descobriu a imortalidade nas nossas letras e a dividiu sem medo. Soube de chofre, que a imortalidade é divisível sem ter como efeito final a sua subtração.Foi Machado de Assis quem desbravou, sem desmatar, a selva literária em que tantas "feras" do meio se digladiavam buscando posições destacadas. Fez-se rei da "selva" sem ter de trasladar o trono. Reinou - e reina - em harmonia com os que o aclamaram - e aclamam -reconhecendo o valor, o alcance e a consistência de seu legado.Há um século Machado de Assis mudou de lado. Ou de plano. Tanto tempo depois, ele continua moderno. Ainda revoluciona. De todos os clássicos, por exemplo, é o escritor predileto entre os jovens estudantes de nossos dias.O fato é que Machado corta o tempo com o gume afiado de quem conhece o tronco e a seiva de uma sociedade que não muda, em essência. Trocam-se o vestuário, as condições de moradia, os costumes, o linguajar e a cultura, mas a essência é a mesma. Ele sempre escreveu sobre a essência. O comportamento íntimo e insondável do ser humano.Nosso Machado vence os anos, porque sua trajetória é superior. Derruba o mito inconcebível, no seu caso, do vencido e ultrapassado. Seu corte não nos legou lenha. Deixou diamantes literários. Históricos. Um passado com futuro perpétuo.Para sermos sinceros sobre Machado de Assis, nada mais podemos do que delirar sobre ele. Descrevê-lo de modo menos subjetivo seria injusto. A objetividade o remortalizaria em nossas tintas. Ele não só está no além. Está além de nossas descrições.

Ensaio: A linguagem oculta de Guimarães Rosa

Por Jorge Fernando dos Santos*

Apontado como o livro mais importante da literatura brasileira, o romance Grande sertão: veredas completou 50 anos de publicação em 2006. No entanto, a mídia nacional, sobretudo televisiva, não soube aproveitar a oportunidade para divulgar e desvendar esse verdadeiro enigma literário da cultura brasileira. Precipitadamente vinculado ao “regionalismo” pelos críticos mais afoitos, o autor hoje centenário, João Guimarães Rosa, não se limitou a reproduzir aspectos meramente locais em sua obra. Pelo contrário, partiu da recriação desses aspectos para narrar epopéias que ultrapassam o universal e atingem o campo transcendental. Para ele, “sertão é dentro da gente”.
Estudado em vários países devido principalmente aos requintes de linguagem de sua literatura, Rosa pode encantar o leitor também sob outros aspectos. Estudiosos de sua obra, leitores comuns e professores que trabalham Grande sertão: veredas em sala de aula devem procurar no texto não apenas as águas da superfície, onde se narra o enredo principal de aventuras, mas também as correntes mais profundas, nas quais habitam senhas e símbolos de diferentes escolas filosóficas e esotéricas. Longe da religiosidade oficial, o autor procurava dar um sentido profundo e oculto a tudo o que escrevia, fazendo de sua literatura um jogo que desafia olhares argutos. Não por coincidência ele foi um aficionado do xadrez e leitor de obras transcendentais relacionados a outras culturas.
Por essas e outras, os iniciados em Rosa são constantemente convidados (ou mesmo desafiados) a enxergar e a interpretar tais senhas e símbolos sob a luz da Alquimia, da Astrologia, do Hinduísmo, da Maçonaria, do Platonismo, do Taoísmo ou mesmo da Psicanálise. Isso faz de sua obra algo maior do que a literatura por excelência, repleta de significados e labirintos que lhe dão abertura para várias interpretações. Há quem considere o Grande sertão: veredas uma espécie de livro sagrado, feito para ser “recitado” em voz alta, ritualisticamente, como a Bíblia ou o Bhagavad Gita.
Fanatismos à parte, Rosa não quis nos oferecer uma obra rasa, de fácil leitura e compreensão, destinada ao mero entretenimento, como tantos best-sellers que entopem as livrarias nos dias atuais. Poucos tiveram tanta consciência da escrita quanto ele. A exemplo de autores clássicos como Homero, Dante, Cervantes, Goethe, Dostoiévski, Borges e Fernando Pessoa, para ele a palavra era forma, fôrma e energia. Mais que isso, era um símbolo a transmitir idéias e a despertar o inconsciente do leitor. Sua sabedoria no trato com o vernáculo, principal ferramenta de quem escreve, tornou-se o grande diferencial de sua obra, algo insuperável em comparação com outros escritores. Também o fio da narrativa é inovador, se considerarmos que o “doutor” a quem o protagonista Riobaldo narra sua epopéia é ninguém menos que o próprio autor – podendo, em outro momento, ser também o leitor.
Leia o ensaio na íntegra no site: http://www.tirodeletra.com.br/ensaios/LinguagemocultadeGuimaraesRosa.htm

Seu site é http://www.jorgefernandosantos.com.br/

Machado de Assis - Ocidentais


O DESFECHO

Prometeu sacudiu os braços manietados
E súplice pediu a eterna compaixão,
Ao ver o desfilar dos séculos que vão
Pausadamente, como um dobre de finados.

Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião,
Uns cingidos de luz, outros ensangüentados...
Súbito, sacudindo as asas de tufão,
Fita-lhe a água em cima os olhos espantados.

Pela primeira vez a víscera do herói,
Que a imensa ave do céu perpetuamente rói,
Deixou de renascer às raivas que a consomem.

Uma invisível mão as cadeias dilui;
Frio, inerte, ao abismo um corpo morto rui;
Acabara o suplício e acabara o homem.

Download Obra Completa


Vinícius de Moraes - Antologia Poética


Antologia Poética de Vinícius de Moraes - um dos mais belos livros de poesia.


Soneto de fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure


Site pesquisado:

Luís Fernando Veríssimo - As mentiras que os homens contam


Nós nunca mentimos. Quando mentimos, é para o bem de vocês. Verdade.
Começa na infância, quando a gente diz para a mãe que está sentindo uma coisa estranha, bem aqui, e não pode ir à aula sob pena de morrer no caminho. Se fôssemos sinceros e disséssemos que não tínhamos feito a lição de casa e por isso não podíamos enfrentar a professora a mãe teria uma grande decepção. Assim, lhe dávamos a alegria de se preocupar conosco, que é a coisa que mãe mais gosta, e a poupávamos de descobrir a nossa falta de caráter. Melhor um doente do que um vagabundo. E se ela não acreditasse, e nos mandasse ir à escola de qualquer jeito, ainda tínhamos um trunfo sentimental. "Então vou ter que inventar uma história para a professora", querendo dizer vou ter que mentir para outra mulher como se ela fosse você. "Está bem, fica em casa estudando!" E ficávamos em casa, fazendo tudo menos estudar, dando-lhe todas as razões para dizer que não nos agüentava mais, que é outra coisa que mãe também adora.
A primeira namorada. Mentíamos para preservar nosso orgulho, certo?
— Não, não, eu estava passando por acaso. Você acha que eu fico rondando a sua casa o dia inteiro, é?
Mas o que vocês pensariam se nós disséssemos: "Sim, sim, não posso ficar longe de você, penso em você o dia inteiro, aqueles telefonemas que você atende e ninguém fala, sou eu! Confesso, sou eu! Vamos nos casar! Eu sei que eu só tenho 12 anos e você tem 11, mas temos que nos casar! Senão eu morro. Senão eu morro!"? Vocês se assustariam, claro. A paixão nessa idade pode ser um sumidouro. Mentíamos para nos proteger do sumidouro.
Outras namoradas. Outras mentiras.
— Eu só quero ver, juro. Não vou tocar.
Vocês não queriam ser tocadas, mas ao mesmo tempo se decepcionariam se a gente nem tentasse. Nem desse a vocês a oportunidade de afastar a nossa mão, indignadas. Ou de descobrir como era ser tocada.
Namorar — pelo menos no meu tempo, a Renascença — era uma lenta conquista de territórios hostis, como a dos desbravadores do Novo Mundo.
Avançávamos no desconhecido, centímetro a centímetro, mentira a mentira.
— Pode, mas só até aqui.
— Está bem. Não passo daí.
— Jura?
— Juro.
— Você passou! Você mentiu!
— Me distraí!
Dávamos a vocês todos os álibis, todas as oportunidades para dizer depois que tudo acontecera devido à nossa calhordice e não à vontade que vocês também sentiam. Não mentíamos para vocês, mentíamos por vocês. Os verdadeiros cavalheiros eram os que enganavam as mulheres. Os calhordas diziam, abjetamente, a verdade. Não faziam o que juravam que não iam fazer, transferindo toda a iniciativa a vocês. É ou não é?

download da obra completa
http://magrelus.blogspot.com/2007/09/ebooks-coletnea-luis-fernando-verssimo.html

Jorge Amado - Os velhos marinheiros


O livro é composto de duas novelas curtas: A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Agua, que é motivo de uma insólida luta: a de família, querendo preservar a memória do verdadeiro Quincas Berro D'Água e dos companheiros de boêmia que preparam o "verdadeiro" velório do amigo organizando uma farra que termina no mar, onde Quincas acaba sendo sepultado como marinheiro. É um dos trabalhos mais "literários" de Jorge Amado, mesclando o humor algo fantástico a uma intriga picaresca surpreendente e insólita. A Segunda novela é A Completa Verdade sobre as Discutidas Aventuras do Comandante Vasco Moscoso de Aragão, Capitão de Longo Curso. Trata da história do Comandante Vasco Moscoso, motivo de discórdias quanto a sua competência como navegador. Chamado a Belém para substituir o comandante de um navio, o qual havia morrido, recebe a agressão da tripulação que não o aceita. Moscoso consegue manobrar o navio, levando de roldão todos os barcos do porto.

Download do livro completo
http://www.portaldetonando.com.br/forum/-romance-amado,-jorge-t96.html

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Guimarães Rosa - Saragana


Sagarana (saga: estória; rana: parecido com) são nove contos (estórias) em que o autor tematiza o bem e o mal, os pequenos e os grandes dramas do sertanejo, a perseguição e a procura, o abandono, as brigas e desencontros por questões de amor, a humanização de bichos e plantas, a mitologia das pessoas do interior.
Entre esses contos, destaca-se o O Burrinho Pedrês, narrativa na qual, o velho e imprestável burrinho Sete-de-Ouros é elevado à categoria de herói quando, ajudando os vaqueiros a conduzir uma boiada, salva da morte os dois vaqueiros mais fracos. A linguagem, aqui, é carregada de ritmos, de jogo de palavras, de cadências, de trabalho sonoro e poético com a prosa.
Observe o fragmento a seguir:

"Apuram o passo, por entre campinas ricas, onde pastam ou ruminam outros mil e mais bois. Mas os vaqueiros não esmorecem nos eias e cantigas, porque a boiada ainda tem passagens inquietantes: alarga-se e recomprime-se, sem motivo, e mesmo dentro da multidão movediça há giros estranhos, que não os deslocamentos normais disputam a colocação na vanguarda, outros procuram o centro, e muitos se deixam levar, empurrados, sobrenadando quase, com os mais fracos rolando para os lados e os mais pesados tardando para trás, no coice da procissão.
Eh, boi lá!... Eh-ê-ê-ê-eh, boi!... Tou! Tou! Tou!...
As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa embolada, com atritos de couros, estralos de guapas, estrondos e baques, o berro queixoso do gado junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza, saudade dos campos, querência dos pastos de lá do sertão...
“Um boi preto, um boi pintado,
cada um tem sua cor.
cada coração um jeito
De mostrar o seu amor.”
Boi bem brabo, bate baixo, bota baba, boi berrando... Dança dôido, dá de duro, dá de dentro, dá direito... Vai, vem, volta, vem na vara, vai não volta, vai varando...
“Todo passarinh’ do mato
tem seu pio diferente.
Cantiga de amor doído
não carece ter rompante...”


http://www.livrosparatodos.net/biografias/joao-guimaraes-rosa.html

sábado, 25 de outubro de 2008

Vinícius de Moraes - Poeta Aprendiz

Video "Poeta Aprendiz" na voz de Adriana Calcanhoto


Se preferir: Com o próprio Vinícius

Vínicius de Moraes - Boa Música

Vídeo - Vinícius de Moraes canta "Tarde em Itapuã" acompanhado por Toquinho.


http://br.youtube.com/watch?v=gfwCMV-MkA4

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Luís Fernando Veríssimo - Jazz e Bossa Nova


SÃO PAULO - O escritor gaúcho Luis Fernando Verissimo não pára de fazer piada nem quando o assunto é música. Desde 1995, ele atua no Jazz 6, grupo jazzístico em que toca sax alto, que hoje é formado apenas por cinco integrantes. "O Jazz 6 é o menor sexteto do mundo", ele brinca. Com essa formação inusitada, o sexteto chega ao quarto CD - Four -, em que aparecem composições do jazz e da bossa nova.
O interesse comum pela bossa nova e jazz, que têm suas zonas de cruzamento, como lembra Verissimo, guiava já o primeiro CD Agora É Hora (1998). Os outros dois trabalhos são Speak Low (2001) e A Bossa do Jazz (2003), este último "uma homenagem distraída" a Tom Jobim, compositor que está no novo disco.
Saiba mais: http://www.estadao.com.br/arteelazer/not_art191189,0.htm

MACHADO DE ASSIS "A DAMA DO LIVRO"

Por Luiz Antonio Aguiar*

Conta-se que Machado, lá por 1855, contrariando seus hábitos, deixou de aparecer, nos finais de tarde, na Livraria Garnier. Seus amigos arriscaram que estaria com uma amante e foram segui-lo. De fato, havia uma senhora, A Dama do Livro, quadro do italiano Roberto Fontana, hoje na Academia Brasileira de Letras. Machado se apaixonara pela pintura e, achando o preço acima de suas possibilidades, contentava-se em visitá-la, diariamente, na vitrina. Os amigos deram a tela de presente a Machado, com um bilhete: “Não se esqueça de nós”. Machado, em agradecimento, lhes dedicou o “Soneto Circular”.
Ora, as reservas de Machado sempre estimularam fantasias. Tal como a Lenda da Madrinha, a senhora Mendonça Barrozo, que lhe teria aberto sua biblioteca e proporcionado ao afilhado pobre, que não freqüentou escola, a iniciação nos clássicos da literatura. Só que a madrinha morreu quando ele tinha 6 anos, idade em que ninguém já teria se iniciado em clássicos. Existe ainda a Lenda do Padeiro, um amigo, padeiro e francês, que, entre uma fornada e outra, haveria ensinado ao menino o idioma, algo jamais comprovado e pouco factível.
A mais peculiar é a da origem de seu apelido. Temos o poema de Drummond, intitulado “A um Bruxo com Amor”. Mas, existe A Lenda do Caldeirão. Na ABL, está o caldeirão de bronze em que Machado costumava queimar cartas e manuscritos descartados, no sobrado da Rua Cosme Velho, 18. Vendo-o assim, a vizinhança deu de gritar: Olha o Bruxo do Cosme Velho!...
Nessa biografia, não faltam controvérsias. Na certidão de óbito de Machado, além de omitida sua filiação, está que o mulato, autor de agudos textos contra a escravatura, era branco. E como profissão do presidente da ABL, nosso maior romancista, registrou-se: funcionário público.
Entretanto, nenhum mistério biográfico será tão fértil quanto suas bruxarias literárias. Esse escritor que alguns querem reduzir ao realismo e a mero retratista da História é o mesmo que deu a um canário o poder de desnortear um Darwin tropical devoto da ciência e da razão. Que transmitiu a um cronista a língua guliveriana para este participar do diálogo de dois burros sobre o progresso. Que conjurou defuntos e debateu com vermes sobre o lado patético da morte. E que, se retratou o Brasil, antes inventou uma câmera, um filme... e uma nova inteligência para decifrar os dilemas do Ser-Brasileiro.
Na ABL está o caldeirão em que Machado queimava cartas e manuscritos
Já o debate Capitu: culpada ou inocente, em cartaz há 109 anos, é a expressão corrente da impossibilidade de desvendar esse romance. Por um lado, os ardis de Bento Santiago incitam à suspeita e podemos tentar desconstruí-los, como se fossem um véu encobrindo a verdade. Por outro, levantaríamos o véu somente para constatar que não há, por baixo, face alguma. O que lemos, mesmo que para contestá-la, é a narrativa de Bentinho; não existe uma Narrativa de Capitu, nesse romance.
Ou seja, podemos denunciar a intriga que Bento Santiago fez contra Capitu para convencer o leitor... ou avalizar as confissões de um solitário Bentinho... Ou nenhuma das hipóteses? Ou ambas? Que tal alterná-las, caprichosamente? Afinal, escreveu o Bruxo: “Há neste mundo o que se possa dizer verdadeiramente verdadeiro? Tudo é conjetural.”
Algo semelhante ocorre quando nosso cronista se mete num leilão de objetos usados e lá fica a conjeturar sobre o background de uma espada. A princípio, quase nos convence de que teria sido usada na Guerra do Paraguai. Em seguida, lembra a notícia, num jornal, da chegada de imigrantes, dos quais, entre muitos de cada nacionalidade, havia um grego. Daí, quem empenhou a espada teria de ser esse grego, até porque, sendo apenas um, reclamaria menos que os demais, do cronista, caso estivesse sendo acusado injustamente. Finalmente, aventa que a espada teria sido trazida por um contra-regra, que a roubara de um cenário de teatro para conseguir uns cobres para o almoço. E encerra: “Se tal foi, façam de conta que não escrevi nada, e vão almoçar também, que é tempo”.
Foi a última crônica que Machado publicou. Haveria da parte dele despedida mais significativa e elegante?
* Escritor, autor de Almanaque Machado de Assis e organizador da coletânea de crônicas de Machado O Mínimo e o Escondido, pela Salesiana

domingo, 19 de outubro de 2008

Jorge Amado - Um Poeta?

Pessoal, fiz algumas pesquisas para saber se temos poemas escritos por Jorge Amado, mas não obtive muito sucesso, mas como sou persistente, continuei procurando e me deparei com um texto que achei interessante e resolvi compartilhar com vocês, assim juntos descobrimos se há veracidade nas informações.
Trecho do texto
"Mais do que o valor estritamente literário dos poemas de juventude, porém, a descoberta do livro tem a virtude de lançar alguma luz sobre um período desconhecido da vida do escritor: os 11 anos - entre 1933 e 1944- em que esteve casado com Matilde".

No site: http://www.nordesteweb.com/not08/ne_not_20010815d.htm

No nosso Grupo Virtual há uma Enquete. Participe.
http://br.groups.yahoo.com/group/lercompreender/polls

Jorge Amado é personagem de romance

Escritor lança romance em que Jorge Amado é personagem.
O projeto "Com a Palavra o Escritor", 24 de setembro, na Fundação Casa
de Jorge Amado (Pelourinho), traz o escritor Carlos Emílio C. Lima e
seu novo livro, "Maria do Monte: o romance inédito de Jorge Amado"
(Editora Tear da Memória). O livro é uma ficção livremente inspirada na
biografia do escritor Jorge Amado (1912-2001), que trata de uma obra
perdida que Amado teria escrito nos anos 30.

http://plugcultura.wordpress.com/2008/09/24/416/

Confira no site de literatura Cronópios o primeiro capítulo de “Maria do Monte: o romance inédito de Jorge Amado”.

http://www.cronopios.com.br/blogdotexto/blog.asp?id=840

sábado, 18 de outubro de 2008

Grande Sertão: Veredas - Maria Bethânia

Para Ler e Ouvir...

Parte 1


Parte 2

Ano Nacional de Machado de Assis

Uma descrição da profunda e coerente visão do nosso querido Machado de Assis.

"Seus contos são de uma psicologia tão certeira quanto rica na sua radical sutileza. Seus romances que renovaram o gênero (tudo, aliás, ele renovou, com essa forma de unir humor fino a uma ótica filosófica à qual não escapava um único detalhe no jogo entre os seres e as instituições). Suas crônicas que disfarçavam numa conversa “leve” a testemunha de situações reveladoras do Brasil e dos brasileiros, mal acostumados até então com românticos e pós-românticos ainda experimentando exageradas maneiras de interpretar a realidade."

Disponível na íntegra no endereço:http://www.cultura.gov.br/site/wp-content/uploads/2008/09/catalogo-machado-de-assis-web.pdf

domingo, 12 de outubro de 2008

Trechos de obras - Jorge Amado


Jorge Amado
Capitães da areia


Crianças ladronas

As aventuras sinistras dos "Capitães da Areia" - A cidade infestada por crianças que vivem do furto - urge uma providência do Juiz de Menores e do chefe de polícia - ontem houve mais um assalto.
Já por várias vezes o nosso jornal, que é sem dúvida o órgão das mais legítimas aspirações da população baiana, tem trazido noticias sobre a atividade criminosa dos "Capitães da Areia", nome pelo qual é conhecido o grupo de meninos assaltantes e ladrões que infestam a nossa urbe. Essas crianças que tão cedo se dedicaram à tenebrosa carreira do crime não têm moradia certa ou pelo menos a sua moradia ainda não foi localizada. Como também ainda não foi localizado o local onde escondem o produto dos seus assaltos, que se tornam diários, fazendo Jus a unia Imediata providência do Juiz de Menores e do dr. Chefe de Polícia.
Esse bando que vive da rapina se compõe, pelo que se sabe, de uni número superior a 100 crianças das mais diversas idades, indo desde os8 aos 16 anos. Crianças que, naturalmente devido ao desprezo dado à sua educação por pais pouco servidos de sentimentos cristãos, se entregaram no verdor dos anos a uma vida criminosa.
São chamados de "Capitães da Areia" porque o cais é o seu quartel-general. E têm por comandante um mascote dos seus 14 anos, que é o mais terrível de todos, não só ladrão, como já autor de um crime de ferimentos graves, praticado na tarde de ontem. Infelizmente a Identidade deste chefe é desconhecida...
Para continuar a leitura.......
http://www.culturabrasil.pro.br/zip/capitaesdeareia.rtf
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http://www.culturabrasil.pro.br/download.htm

Trechos de obras - Luís Fernando Veríssimo


Luís Fernando Veríssimo
A Mesa Voadora

O buffet

Um dos martírios da vida social moderna é o buffet. Ele nasceu com boas intenções, como resposta à necessidade de alimentar da maneira mais prática o maior número de pessoas com o máximo de elegância possível. Isto é, sem que a festa pareça um rififi no refeitório. E difícil servir 300 ou 400 pessoas nas suas mesas e ao mesmo tempo, à francesa, a não ser que haja quase tantos garçons quanto convidados. A solução, já que a comida não pode ir às pessoas, é as pessoas irem à comida. Outra vantagem do buffet é que, com todos os pratos concentrados sobre uma única e bem ornamentada mesa, ele dá a correta impressão de abundância. Que é, afinal, o que nos leva a festas. Todo buffet é uma alegoria à fartura. Há cascatas de camarões, leitões esquartejados e remontados sobre pedestais de farofa, everestes de maionese, continentes de saladas e de frios. Uma vez, juro, vi um faisão empalhado no centro da mesa, na pose de quem se preparava para decolar deste insensato mundo. Só o que o mantinha na terra era a sua própria carne, em fatias, a seus pés. Diante de um buffet você deve se debater entre dois sentimentos: a vontade de comer tudo e o remorso por estragar a arquitetura. Depois, é claro, de agradecer à providência por pertencer aos 30% da população que comem e à minoria ainda menor que é convidada a buffets. Pois o buffet também é a apoteose da boca-livre.
Os críticos mais moderados do buffet o comparam a uma linha de montagem, e fazem uma injustiça. A linha de montagem é mais organizada. Ao redor de uma mesa de buffet o ser humano reverte ao seu protótipo mais primitivo: a fera diante do alimento. A patina de civilização se quebra, como o exterior caramelado do presunto, e é cada um por si e pelo seu estômago. Já vi velhos amigos duelarem a empurrões diante de um rosbife, e marido e mulher chegarem aos tapas na disputa do último camarão.
Para continuar a leitura.......
http://www.esnips.com/doc/798cbb16-6d62-49b8-b3d0-77663bcbf5dd/Luis-Fernando-Verissimo---A-mesa-voadora.doc
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Trechos de obras - Vinícius de Moraes


Vinícius de Moraes
A arte de ser velho

É curioso como, com o avançar dos anos e o aproximar da morte, vão os homens fechando portas atrás de si, numa espécie de pudor de que o vejam enfrentar a velhice que se aproxima. Pelo menos entre nós, latinos da América, e sobretudo, do Brasil. E talvez seja melhor assim; pois se esse sentimento nos subtrai em vida, no sentido de seu aproveitamento no tempo, evita-nos incorrer em desfrutes de que não está isenta, por exemplo, a ancianidade entre alguns povos europeus e de alhures.Não estou querendo dizer com isso que todos os nossos velhinhos sejam nenhuma flor que se cheire. Temo-los tão pilantras como não importa onde, e com a agravante de praticarem seus malfeitos com menos ingenuidade. Mas, como coletividade, não há dúvida que os velhinhos brasileiros têm mais compostura que a maioria da velhorra internacional (tirante, é claro, a China), embora entreguem mais depressa a rapadura.
Talvez nem seja compostura; talvez seja esse pudor de que falávamos acima, de se mostrarem em sua decadência, misturado ao muito freqüente sentimento de não terem aproveitado os verdes anos como deveriam. Seja como for, aqui no Brasil os velhos se retraem daqueles seus semelhantes que, como se poderia dizer, têm a faca e o queijo nas mãos. Em reuniões e lugares públicos não têm sido poucas as vezes em que já surpreendi olhares de velhos para moços que se poderiam traduzir mais ou menos assim: "Desgraçado! Aproveita enquanto é tempo porque não demora muito vais ficar assim como eu, um velho, e nenhuma dessas boas olhará mais sequer para o teu lado..." ...
Para continuar a leitura.......
http://www.viniciusdemoraes.com.br/poesia/index.php
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http://www.viniciusdemoraes.com.br/

Trechos de obras - Guimarães Rosa


Guimarães Rosa
A Terceira Margem do Rio
Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação. Do que eu mesmo me alembro, ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros, conhecidos nossos. Só quieto. Nossa mãe era quem regia, e que ralhava no diário com a gente — minha irmã, meu irmão e eu. Mas se deu que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa.
Era a sério. Encomendou a canoa especial, de pau de vinhático, pequena, mal com a tabuinha da popa, como para caber justo o remador. Mas teve de ser toda fabricada, escolhida forte e arqueada em rijo, própria para dever durar na água por uns vinte ou trinta anos. Nossa mãe jurou muito contra a idéia. Seria que, ele, que nessas artes não vadiava, se ia propor agora para pescarias e caçadas? Nosso pai nada não dizia. Nossa casa, no tempo, ainda era mais próxima do rio, obra de nem quarto de légua: o rio por aí se estendendo grande, fundo, calado que sempre. Largo, de não se poder ver a forma da outra beira. E esquecer não posso, do dia em que a canoa ficou pronta....
Para continuar a leitura.......
http://www.releituras.com/guimarosa_margem.asp

Trechos de obras - Machado de Assis




Machado de Assis
Uma excursão milagrosa

Tenho uma viagem milagrosa para contar aos leitores, ou antes uma narração para transmitir, porque o próprio viajante é quem narra as suas aventuras e as suas impressões.
Se a chamo milagrosa é porque as circunstâncias em que foi feita são tão singulares, que a todos há de parecer que não podia ser senão um milagre.
Todavia, apesar das estradas que o nosso viajante percorreu, dos condutores que teve e do espetáculo que viu, não se pode deixar de reconhecer que o fundo é o mais natural e possível deste mundo.
Suponho que os leitores terão lido todas as memórias de viagem, desde as viagens do Capitão Cook às regiões polares até as viagens de Gulliver, e todas as histórias extraordinárias desde as narrativas de Edgar Poe até os contos de Mil e Uma Noites. Pois tudo isso é nada à vista das excursões singulares do nosso herói, a quem só falta o estilo de Swift para ser levado à mais remota posteridade.
As histórias de viagem são as de minha predileção. Julgue-o quem não pode experimentá-lo, disse o épico português. Quem não há de ir ver as coisas com os próprios olhos da cara, diverte-se ao menos em vê-las com os da imaginação, muito mais vivos e penetrantes.
Viajar é multiplicar-se.
Mas, devo dizê-lo com toda a franqueza, quando ouço dizer a alguém que já atravessou por gosto doze, quinze vezes o Oceano, não sei que sinto em mim que me leva a adorar o referido alguém. Ver doze vezes o Oceano, roçar-lhe doze vezes a cerviz, doze vezes admirar as suas cóleras, doze vezes admirar os seus espetáculos, não é isto gozar na verdadeira extensão da palavra?....
Para continuar a leitura.......
http://portal.mec.gov.br/machado/arquivos/pdf/contos/macn015.pdf

Texto-fonte:
Obra Completa, Machado de Assis, vol. II,
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
Publicado originalmente em Jornal das Famílias, abril a maio de 1866.

Obra Completa
http://portal.mec.gov.br/machado/index.php?option=com_content&task=category&sectionid=17&id=34&Itemid=173


segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Características Literárias - Vinícius de Moraes


Tanto no tom exaltado, cheio de ressonâncias, como no tema e forma, a poesia inicial de Vinícius de Moraes está impregnada de religiosidade e misticismo neo-simbolistas. Em oposição, talvez, às liberdades formais da primeira fase do Modernismo, o poeta parece querer recuperar o espiritualismo na poesia, atitude comum dos poetas ligados à revista Festa.
A partir de Cinco Elegias, sua poesia se transforma. Não tão longa, revela uma maior liberdade de escolha e de expressão. Os temas desse poeta lírico são, por excelência, agora concretos e do cotidiano; , o amor, o dia-a-dia e a valorização do momento, ao mesmo tempo em que busca algo mais perene, o que revela maturidade e matizes mais pessoais de inspiração. O eixo temático de sua obra se desloca para a intimidade dos afetos e para um sensualismo erótico, contrastivo com sua educação religiosa; o poeta está sempre hesitando entre os prazeres da carne e as angústias do pecador.
Sua linguagem se transforma: é direta e ardente, usando palavras realistas e ao mesmo tempo muito líricas para descrever a confidência, a ternura física e a plenitude dos sentidos. Os sonetos são considerados a parte mais importante de sua obra. Com toques de erotismo e competência, ele revigorou essa forma de composição, ignorada pelos modernistas da primeira fase, produzindo, assim, alguns dos mais belos sonetos de nossa língua.
http://poetasbrasil.webcindario.com/vmoraes.htm

Mais informações no link:
http://br.geocities.com/vmhp2001/caract.htm

Luís Fernando Veríssimo - Características Literárias


CRÔNICAS

"É um gênero literário que tem assumido no Brasil, além da personalidade de gênero, um desenvolvimento e uma categoria que fazem dela uma forma literária de requintado valor estético, um gênero específico e autônomo.

... A crônica é na essência uma forma de arte, arte da palavra, a que se liga forte dose de lirismo. É um gênero altamente pessoal, uma reação individual, íntima, ante ao espetáculo da vida, as coisas, os seres. O cronista é solitário com ânsia de comunicar-se. E ninguém melhor se comunica do que ele, através desse meio vivo, álacre, insinuante, ágil que é a crônica. A literatura, sendo uma arte – cujo meio é a palavra – e portanto oriunda da imaginação criadora, visando a despertar o prazer estético – nada mais literário do que a crônica, que não pretende informar, ensinar, orientar.
Crônicas: leia o texto na íntegra no link abaixo:
http://ofiodaspalavras.blogspot.com/2004/10/ainda-sobre-lus-fernando-verssimo-o.html


... As crônicas de Luís Fernando Veríssimo trilham dois caminhos. Num primeiro momento, percebemos a utilização do riso como provocação de reflexões em torno dos costumes. Atrás da comicidade das crônicas - “Anônimos” e “Realismo” -encontramos a utilização do riso como arma para a denúncia de comportamentos da sociedade.
... Deleitando-se com a língua portuguesa, Luís Fernando Veríssimo demonstra suas imensas possibilidades de provocar o riso...
... Algumas crônicas que melhor representam o emprego das técnicas do risível para o que, em um primeiro instante, parece ser apenas o encontro do prazer. “Defenestração”, “Palavreado”, “Bons tempos”, e “O gigolô das palavras” servem para a comprovação de que o riso na linguagem esconde algo mais do que uma simples liberação das tensões. As duas primeiras crônicas foram extraídas da recente coletânea Comédias para se ler na escola; encontramos “Bons tempos” no livro batizado de Zoeira e a crônica “O gigolô das palavras” nomeia a obra em que foi publicada.

Assim como na vertente encabeçada por Aristóteles, que demonstra que riso se presta para punir os costumes, a linguagem empregada por Veríssimo como mecanismo para o surgimento de situações cômicas também serve para apontar uma realidade escamoteada pelo riso. A simples liberação de tensão e prazer, proposta por Platão e defendida por Freud, cede lugar para as reflexões em torno da linguagem e seu funcionamento.
A proposição de uma tipologia do riso na obra de Luís Fernando Veríssimo, portanto, divide-se em duas partes. Na primeira, encontramos a vertente do “punir pelo riso”, inaugurando assim o primeiro tipo de riso suscitado pela pena de Luís Fernando Veríssimo. A última parte propõe uma segunda tipologia do riso na obra do autor. A aparente brincadeira com a linguagem apresenta-se afinada com as considerações de liberação de prazer apontadas por Platão. Após observarmos as crônicas de Luis Fernando Veríssimo, somos capazes de perceber, além dos dois tipos de riso encontrados nos textos de Luís Fernando Veríssimo, “um segundo mundo e uma segunda vida” (BAKHTIN, 1999:4), proposto pelo riso.
Leia na íntegra o texto no link abaixo:
http://www.inicepg.univap.br/INIC_2006/epg/08/EPG00000512-ok.pdf

Jorge Amado - Características Literárias


Jorge Amado, em largos painéis coloridos, retrata o regionalismo nordestino, mostrando a desgraça e a opressão do negro, do pobre e do trabalhador, nas zonas cacaueiras e urbanas da Bahia. Através desses tipos marginalizados, apresentados com humanidade, simpatia calorosa e um vivo senso do pitoresco, analisa toda uma sociedade.
Um grande expoente do Modernismo, sua maturidade literária se revela na capacidade de mesclar realismo e romantismo, lirismo poético e documento em sua narrativa, cuja linguagem explicita o falar de um povo e cuja ideologia se sobrepõe na forma de uma necessidade premente de justiça social. O caráter político e revolucionário das obras iniciais não se encontra nos romances pós década de 50, o que tem feito críticos dividirem sua obra em diferentes temáticas. O Romance Proletário que retrata a vida rural e citadina de Salvador, com forte apelo social. Incluem-se nesse tipo: Suor, O País do Carnaval e Capitães da Areia. O "Ciclo do Cacau" tem como temas os latifúndios da região cacaueira e as lutas que, em tom épico, retratam a ganância dos coronéis, a exploração do trabalhador rural. Pertencem a esse ciclo: Cacau, Terras do Sem Fim e São Jorge dos Ilhéus.

A Pregação Partidária é constituída por um grupo de escritos de cunho político: O Cavaleiro da Esperança e O Mundo da Paz.
A última fase se compõe de Depoimentos Líricos e Crônicas de Costumes e se inicia com Jubiabá e Mar Morto, cujos temas giram em torno das rixas e amores marinheiro. Consolidam-se com Gabriela, Cravo e Canela que, mesmo tendo Ilhéus e problemas políticos, como pano de fundo, tende mais para crônica amaneirada de costumes. Para Bosi, a ideologia que permeia as obras de 30 e 40 foi abandonada. A partir daí, tudo se dissolveu "no pitoresco, no saboroso, no apimentado do regional".
http://literaturavirtual.com.br/?link=conteudo_view2&id=41

sábado, 4 de outubro de 2008

Machado de Assis - Digital


Toda obra de Machado de Assis está disponível em versão digital (html e pdf) no portal criado pelo Ministério da Educação (MEC). É possível, também, obter dados biográficos, bibliográficos e um perfil do autor e sua obra.

Primeiras Estórias - Guimarães Rosa

As margens da alegria

Narrado em terceira pessoa, esse primeiro conto de Sagarana, de Guimarães Rosa, é considerado, com o último, Os cimos, a moldura do livro, já que apresenta as mesmas personagens no mesmo ambiente. Leia mais...
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/resumos_comentarios/a/as_margens_da_alegria_conto

sábado, 27 de setembro de 2008

Vinícius de Moraes



Vinte anos
Eu fui feliz nesse passado grato

Viviam então em mim forças que já me faltam.

Possuía a mesma sinceridade nos bons e maus sentimentos.

Aos frenesis da carne se sucediam os grandes misticismos quietos.

Era um pequeno condor que ama as alturas

E tem confiança nas garras.

Tinha fé em Deus e em mim mesmo

Confessava-me todo domingo

E tornava a pecar toda segunda-feira

Tinha paixão por mulheres casadas

E fazia sonetos sentimentais e realistas


Do livro: O caminho para a distância

Relançado pela Companhia das Letras

domingo, 21 de setembro de 2008

Correios lança selo em homenagem a Guimarães Rosa




A imagem do selo comemorativo é composta por elementos que caracterizam a vida do escritor

Os Correios e a Academia Sergipana de Letras lançaram nesta segunda, 18/08/08, um selo em homenagem a João Guimarães Rosa, no ano do centenário do seu nascimento. Para saber mais, visite o link abaixo.

Guimarães Rosa - O mágico do Reino das Palavras

Documentário da série Mestres da Literatura da TV Escola. Via Domínio Público.

Sinopse

A história da vida do escritor, que também foi médico, diplomata e estudioso de línguas. Em sua obra, a presença do universo sertanejo, com histórias de jagunços, conflitos e andanças. O programa mostra narrações de trechos de textos consagrados do autor, como Grande sertão: Veredas, Sagarana, Tutaméia, entre outros. Participação dos "Miguelins", jovens de Cordisburgo - MG, que resgatam a obra de Guimarães Rosa por meio da tradição oral. O programa analisa seu principal livro, Grandes sertões: veredas.
Fonte