Sagarana (saga: estória; rana: parecido com) são nove contos (estórias) em que o autor tematiza o bem e o mal, os pequenos e os grandes dramas do sertanejo, a perseguição e a procura, o abandono, as brigas e desencontros por questões de amor, a humanização de bichos e plantas, a mitologia das pessoas do interior.
Entre esses contos, destaca-se o O Burrinho Pedrês, narrativa na qual, o velho e imprestável burrinho Sete-de-Ouros é elevado à categoria de herói quando, ajudando os vaqueiros a conduzir uma boiada, salva da morte os dois vaqueiros mais fracos. A linguagem, aqui, é carregada de ritmos, de jogo de palavras, de cadências, de trabalho sonoro e poético com a prosa.
Observe o fragmento a seguir:
"Apuram o passo, por entre campinas ricas, onde pastam ou ruminam outros mil e mais bois. Mas os vaqueiros não esmorecem nos eias e cantigas, porque a boiada ainda tem passagens inquietantes: alarga-se e recomprime-se, sem motivo, e mesmo dentro da multidão movediça há giros estranhos, que não os deslocamentos normais disputam a colocação na vanguarda, outros procuram o centro, e muitos se deixam levar, empurrados, sobrenadando quase, com os mais fracos rolando para os lados e os mais pesados tardando para trás, no coice da procissão.
Eh, boi lá!... Eh-ê-ê-ê-eh, boi!... Tou! Tou! Tou!...
As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa embolada, com atritos de couros, estralos de guapas, estrondos e baques, o berro queixoso do gado junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza, saudade dos campos, querência dos pastos de lá do sertão...
“Um boi preto, um boi pintado,
cada um tem sua cor.
cada coração um jeito
De mostrar o seu amor.”
Boi bem brabo, bate baixo, bota baba, boi berrando... Dança dôido, dá de duro, dá de dentro, dá direito... Vai, vem, volta, vem na vara, vai não volta, vai varando...
“Todo passarinh’ do mato
tem seu pio diferente.
Cantiga de amor doído
não carece ter rompante...”
http://www.livrosparatodos.net/biografias/joao-guimaraes-rosa.html
Entre esses contos, destaca-se o O Burrinho Pedrês, narrativa na qual, o velho e imprestável burrinho Sete-de-Ouros é elevado à categoria de herói quando, ajudando os vaqueiros a conduzir uma boiada, salva da morte os dois vaqueiros mais fracos. A linguagem, aqui, é carregada de ritmos, de jogo de palavras, de cadências, de trabalho sonoro e poético com a prosa.
Observe o fragmento a seguir:
"Apuram o passo, por entre campinas ricas, onde pastam ou ruminam outros mil e mais bois. Mas os vaqueiros não esmorecem nos eias e cantigas, porque a boiada ainda tem passagens inquietantes: alarga-se e recomprime-se, sem motivo, e mesmo dentro da multidão movediça há giros estranhos, que não os deslocamentos normais disputam a colocação na vanguarda, outros procuram o centro, e muitos se deixam levar, empurrados, sobrenadando quase, com os mais fracos rolando para os lados e os mais pesados tardando para trás, no coice da procissão.
Eh, boi lá!... Eh-ê-ê-ê-eh, boi!... Tou! Tou! Tou!...
As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa embolada, com atritos de couros, estralos de guapas, estrondos e baques, o berro queixoso do gado junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza, saudade dos campos, querência dos pastos de lá do sertão...
“Um boi preto, um boi pintado,
cada um tem sua cor.
cada coração um jeito
De mostrar o seu amor.”
Boi bem brabo, bate baixo, bota baba, boi berrando... Dança dôido, dá de duro, dá de dentro, dá direito... Vai, vem, volta, vem na vara, vai não volta, vai varando...
“Todo passarinh’ do mato
tem seu pio diferente.
Cantiga de amor doído
não carece ter rompante...”
http://www.livrosparatodos.net/biografias/joao-guimaraes-rosa.html
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