domingo, 7 de dezembro de 2008

Uma conversa diferente - Vinícius de Moraes


O jornalista gaúcho Tarso de Castro (1941 – 1991) fez uma entrevista extravagante e engraçada, em 1977, com seus amigos, quatro ícones da música popular brasileira: Vinicius de Moraes, Tom Jobim, Toquinho e Miúcha. O texto, publicado originalmente na Folha de S. Paulo, em 1983, está na coletânea de entrevistas com Vinícius de Moraes organizada por Sérgio Cohn e Simone Campos, da coleção Encontros (Azougue Editorial).

Veja na íntegra:

Entrevista com Luís Fernando Veríssimo


Luis Fernando Verissimo é reconhecido pela sua timidez. No entanto, alguns bravos entrevistadores conseguiram alguns minutos para realizar uma entrevista, algumas das quais se encontram transcritas no link abaixo:

Entrevista com Guimarães Rosa


Guimarães Rosa por hábito não concedia entrevista, mas no link abaixo há uma exceção por motivo de afeto. Vale a pena fazer uma visita.

Jorge Amado - Um homem feliz com a vida


Jorge Amado, escritor brasileiro depõe sobre literatura (e aponta seus mestres), política (recorda seus passado comunista), comenta a atual situação do País, pede justiça social, lembra seus amigos com carinho e fala de um bem que considera imprescindível: a liberdade.


O que é ser escritor num país onde pouco se lê?

Eu vou começar discordando. Eu acho que não é verdade. Começa-se a ler bastante, no Brasil. Há uma coisa muito curiosa. Eu tenho a impressão de que, às vezes, as pessoas, inclusive os jornalistas, não se dão conta de que o País avançou. Ficam com uma imagem muito atrasada, muito anterior do Brasil. Houve um momento que realmente não se lia no Brasil. Quando estreei o meu primeiro livro, há 57 anos, em setembro de 1931, uma edição de mil exemplares já era uma boa edição, dois mil já era excelente, três mil então... nem se fala... Quando José Olympio fez cinco mil exemplares de meu livro Jubiabá e de Banguê de José Lins do Rego, foi aquela coisa... o mundo vinha abaixo... cinco mil exemplares! Compreende? Nunca se tinha feito aquilo, pelo menos até aquele momento.

Leia e entrevista na íntegra no endereço:

Minissérie - CAPITU - 9/12/2008



Estréia em 9/12/2008 na Rede Globo a Minissérie - CAPITU

Visite o site e saiba mais: http://capitu.globo.com/

A minissérie, em homenagem ao centenário de morte de Machado de Assis, terá cinco capítulos. É a segunda série do projeto Quadrante, que leva a literatura brasileira para a TV e que começou com A Pedra do Reino, no ano passado, baseada na obra de Ariano Suassuna.
http://www.estadao.com.br/arteelazer/not_art272134,0.htm

Dom Casmurro
Dom Casmurro, um dos mais conhecidos romances de Machado de Assis, tem como assunto a história de Bentinho e Capitu. Depois de um longo namoro - iniciado na infância - e de um casamento apaixonado, eles acabam se separando, pois bentinho suspeita que ela o traiu com Escobar, o melhor amigo do casal: Ezequiel, o filho, seria fruto dessa traição. O trecho a seguir mostra a reação de Capitu no velório de Escobar, que morrera afogado naquela manhã. Sancha é a esposa de Escobar. A Cena transcrita é um momento crucial da narrativa, uma vez que as atitudes de Capitu reforçam as desconfianças de Bentinho, o narrador.
Olhos de Ressaca
Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No Meio dela, Capitu olhou alguns instantes para ver o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas...
As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou as carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem as palavras desta, mas grande e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.

domingo, 30 de novembro de 2008

Poema de Natal - Vinícius de Moraes


Poema de Natal

Vinicius de Moraes


Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos –
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será a nossa vida: Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos –
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai –
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte –
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas

Nascemos, imensamente


Soneto de Natal - Machado de Assis


Soneto de Natal

Machado de Assis

Um homem – era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno –
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,
Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações de sua idade antiga
Naquela mesma velha noite amiga
Noite cristã, berço do Nazareno.
Escolheu o soneto...
A folha brancaPede-lhe a inspiração;
mas frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.
E em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:

“Mudaria o Natal ou mudei eu?”